segunda-feira, 26 de abril de 2010

Agricultura Química: benefícios pra quem?

Com o desenvolvimento do conhecimento técnico-científico nossa sociedade foi optando por comsumir produtos cada vez mais dependentes das novas tecnologias. Hoje precisamos classificar de "organicos" quando queremos nos referir a alimentos produzidos sem o uso da tecnologia química, em toda a sua cadeia.

A indústria química do século 20 foi um sucesso retumbante. Uma tecnologia tão poderosa que conquistou mentes, corações e bolsos antes mesmo de se terem respondidas muitas questões sobre a sua segurança para a saúde humana e para o meio ambiente como um todo.

A sociedade foi forçada a consumir em massa produtos(não só alimentos) impregnados de tecnologia química, como se fossem uma nova fruta, saborosa e nutritiva. Hoje, não há alimento no supermercado, fora das prateleiras de orgânicos, que não contenha desde um defensívo agrícola na sua produção até um conservante químico na sua industrialização, sem falar nas emissões de gases e outros efeitos colaterais desse modo de produção.

Estima-se que a indústria química tenha pelo menos 75mil produtos diferentes utilizados em agrotóxicos, alimentos, remédios, plásticos, tintas, papéis, e subprodutos do petróleo. A química permite uma combinação tão fértil que todo ano esta indústria registra pelo menos mil novos produtos no mundo. Diante da falta de alternativas, e de informações, enfiaram-nos guela abaixo substancias químicas que nunca antes haviam habitado o corpo humano. Muitas delas nem estavam presentes na natureza de forma pura.

A pergunta básica é: por que motivo somos obrigados a comer química pura? em outras palavras, esse "alimento" é bom pra quê, ou pra quem? Para a minha saúde não é. com certeza. Ou alguém tem alguma dúvida de que isso não faz bem? Também não é bom para a natureza, está mais do que claro.

Começaram a crescer no mundo as discussões sobre os chamados "disruptores endócrinos". São produtos químicos sintetizados artificialmente e estrogênios naturais produzidos por plantas ou metabólitos de fungos, presentes em champus, detergentes, anticoncepcionais, remédios e outros, amplamente consumidos pela sociedade, que depois de percorrerem os esgotos e lixões dos centros urbanos contaminam o solo e os mananciais, atingem uma cadeia alimentar extensa e provocam doenças nas principais glândulas de homens e animais, inclusive câncer.

Não é preciso ser nenhum gênio para perceber que uma gama enorme de produtos que consumimos hoje só existem para beneficiar atividades de produção, como combater pragas, aumentar a produtividade, a vida útil antes do consumo, reduzir mão-de-obra, melhorar o "custo-benefício", enfim, vários sinônimos de "aumentar os lucros". Não há vantagens qualitativas para o consumidos. Ninguém vende defensivo agrícola fazendo propaganda de seus efeitos sobre as qualidades nutritivas dos alimentos.

Então por que comemos esses produtos? Na verdade caímos nessa armadilha aos poucos, fomos iludidos, usaram muito bem a propaganda, esconderam, omitiram e até mentiram, para fazer parecer que a indústria química, como ela é explorada hoje, é completamente inofensiva. Os desastres já foram muitos até agora: com o metil-mercurio, a talidomida, o dietilestibestrol, o DDT, o PCB e outras sopas de letrinhas, além de tragédias como em Cubatão, na Índia e por aí vai. O balanço de custo-benefício dessa indústria para o mundo já está no vermelho há muito tempo. Mesmo assim, continuamos acreditando nesse modo de produção ganancioso e enganador.

Mas, se entramos nessa onda por falta de alternativas, ou enganados, agora não temos mais desculpa. Sabemos de todas as suas malezas. E, além disso, já é possivel imaginar uma agricultura orgânica em larga escala com inúmeras vantagens sobre agricultura química convencional, entre elas, talvez a mais importante, a sua capacidade de a geração de empregos. Da mesma forma as outras atividades orgânicas como a pecuária, a pscicultura, a criação de frangos, suínos e a florestal.

A produção orgânica não é uma atividade simples e fácil de ser desenvolvida como a princípio se pressupõe. Ela também exige conhecimento e tecnologia, além da mão de obra mais intensiva. No contexto de uma economia verde, talvez seja uma das atividades que tem maior potencial de geração de renda. E, se praticada em escala, tem condições de reduzor significativamente seus custos, barateando seu preço final.

Uma pesquisa feita pela Market Analysis revela que cerca de 17% dos consumidores urbanos brasileiros ja optaram pelos produtos orgânicos, embora o mercado ainda seja abastecido por apenas 2% do total de produtores agrícolas do país. Ou seja, a demanda por esse tipo de alimento já é alta e vem crescendo rapidamente. São mais de 3,5 milhões de brasileiros consumindo produtos orgânicos entre uma e cinco vezes por semana. segundo a pesquisa, realizada nas nove principais capitais do país, na faixa etária entre 18 a 69 ano. Só em São Paulo são mais de um milhão de consumidores, número expressivo, considerada a faixa etária.

A produção de orgânicos tem-se tornado um negócio tão atraente que conquistou rapidamente as redes de supermercados. O diretor da pesquisa da Market Analysis, Fabian Echegaray, diz que a venda desse tipo de produto deixou de ser exclusiva das feiras ecológicas, de rua, ou de lojas especializadas, e ganhou as prateleiras das grandes redes de supermercado. Segundo a pesquisa, 77% dos entrevistados adquirem produtos organicos nos supermercados.

A agricultura orgânica é uma das atividades econômicamente em alta, atualmente, que tem o maior potencial para atender necessidades específicas e urgentes dos paises pobres e emergentes, onde uma grande parcela da produção rural é desprovida de recursos econômicos e tecnológicos para desenvolver uma agricultura química e mecanizada.

No caso do Brasil, calcula-se que através de politicas públicas apropriadas seria possivel absorver nessa modalidade de produção 70% os agricultores familiares hoje excluídos da agricultura químmica. Bastaria vontade politica e investimentos especialmente no treinamento dessa população nos principio agricultura orgânica, que aborda a propriedade como um orgasmo.

sábado, 10 de abril de 2010

Vida longa ao mercado de carbono

Existem alguns temas que caem no gosto da sociedade e passam a ocupar muito espaço nos cenários de comunicação. O aquecimento global é um deles. Aliás, é o tema ambiental que mais mobiliza as atenções no momento. E isto é muito bom. O termo "aquecimento global" retorna 798.000 hits no Google, enquanto "efeito estufa" tem 593.000 hits de presença na internet. Protocolo de Kioto, com "i" tem 654.000 hits e Protocolo de Kioto, com "y" tem outros 852.000. Isto apenas em sites em português. Se a mesma busca for realizada em inglês certamente os números serão astronômicos.

No Brasil a febre atingiu os principais meios de comunicação, a ponto de o tema ser tratado em uma série de reportagens no principal informativo semanal da TV Globo, o Fantástico. E isto para falar somente dos líderes de audiência, porque, em verdade, os temas Efeito Estufa, Protocolo de Kyoto, Crédito de Carbono e outros correlatos tornaram-se corriqueiros nas conversas do dia a dia. Surgem especialistas e consultores de todas as partes, sites, reportagens, propostas de inventário de emissões de carvono, cálculos para a neutralização das emissões e outros modelos de pequenos e grandes negócios.

É bom que na sociedade tenha a percepção de que as emissões de dióxido de carbono na atmosfera estão causando o aquecimento global, que isto, como explica o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, vai levar a grandes catástrofes mundiais, seja no mundo desenvolvido ou nos paises mais pobres. Em seu filme "uma verdade inconveniente", Gore aponta números bastante convincentes para provar que o aquecimento gloval é uma realidade, alerta para a necessidade de adoção de política públicas globais de redução de emissões de carbono na atmosfera e mostra algumas alternativas para o desenvolvimento econômico mais limpo.

Mas este saber social sobre o efeito estupa pode realmente mudar hábitos? Mais, pode fazer com que os acionistas e consumidores tenham uma visão de longo prazo e busquem no presente alternativas sustentáveis? Esta é uma questão que ainda está no ar. Algumas empresas estão embarcando na realização de seus inventários de emissões de carbono completamente às cegas, sem compreender exatamente o que poderão fazer com os resultados. Outras, no entanto, não se preocupam muito com a precisão da medição de suas emissões, desde que possam usar isso para a construção de uma imagem politicamente correta diante de um público cada vez mais sensível às cenas de furacões e grandes blocos de gelo se destacando das calotas polares da Terra.

Este cenário de misrério, onde a ciência assume ares de alquimia, oferece muitas oportunidades para a manipulação de dados e informalções, fazendo oscilar as certezas ao bel ptrazer dos objetivos de quem está com a palavra. É justamente este o jogo de cena que está sendo feito pelo governo dos Estados Unidos, que aproveita os dados que lhe interessam e descarta o que lhe pode ser inconveniente em suas justificativas para não assumir compromissos de redução de emissões no bojo do Protocolo de Kyoto, que foi ratificado em março de 1999 por 23 países, dentre eles o Brasil, e busca alternativas que reduzam a quantidade degases poluentes, em relação aos níveis de 1990, em pelo menos 5,2% até 2012. Isto significa que os países signatários terão que colocar em prática planos para reduzir sua emissão já a partir de 2008.

A moda agora é fazer algo mais reluzente e menos efetivo, a neutralização das emissões de carbono através do plantio de árvores e outras ações que se enquadrem na alínea de "seqüestro de carbono". O marketing resultante destas ações movimenta muitos recursos em comunicação, com resultados pouco significativos em termos de redução real das emissões de carvono na atmosfera. Para se obter resultados relevantes são necessários compromissos mais estruturados e o ingresso consciente em um mercado que se convencionou chamar de "crédito de carbono". Este é até o momento o único caminho capaz de criar um equilíbrio global das emissões de carbono através da transferência de direitos de emissão e de neutralização de fato de emissões via seqüestro de carbono em quatidades industriais.

O Brasil tem no mercado de carbono um cenário de oportunidades e desafio. É tido como um dos países de maior potencial na emissão de certificados de seqüestro de carbono passíveis de negociação no mercado internacional. No entanto ainda não tem organizações realmente estruturadas para obter o maximo desta oportunidade global. Por outro lado, não tem , até 2012,nenhum compromisso formal de redução de suas próprias emissões de dióxido de carbono. Assim como também não têm nossos paradigmas comerciais, a China e a Índia. Portanto, as empresas que atuam em terras brasileiras não deveriam, em tese, ter preocupações em relação às suas emissões. Esta é uma tese, no entanto, que não merece receber muitas fichas em uma aposta real.

As emissões de carbono brasileiras estão divididas entre queima de combustíveis seja para atividades industriais, de transportes ou de geração de enerfia, e uma grande parcela, a maior, da queima de matéria orgânica resultado de desmatamentos florestais, principalmente na Amazônia. Novamente em tese seria fácil ao Brasil reduzir suas emissões de carbono simplesmente parando de devastar as florestas. Este seria o melhor dos mundos. No entanto, não será bem assim. Os paises signatários do Protocolo de Kyoto não estão dispostos a deixar que o Brasil ganho créditos simplesmente deixando de fazer algo que ele não deveria estar fazendo. Ou seja, Parar de desmatar é uma obrigação brasileira e nada tem a ver com as metas de redução de emissão. Isto terá de ser feito com um aperto sério nas empresas.

Este é o ponto de maior controvérsia para os negociadores brasileiros nas conferências de clima nas Nações Unidas. O quanto vale para desmatar? É melhor as empresas partirem do princípio de que não vale nada, e que os medidores virão para suas chaminés. Portanto, devem se preparar desde já para um cenário de grande probabilidade em 2o12, o de terem de efetuar de fato reduções em suas emissões ou ir atrás de certificados de carbono para compensar seus excessos. Dos três países em desenvolvimento mais na mira dos atuais subscritores do Protocolo de Kyoto, o Brasil é o que mais tem a ganhar com a redução de emissões, uma vez que está mais bem estruturado em termos de biocombustíveis e tem melhor capacidade de entrar como grande player no mercado de crédito de carbono.

Índia e China baseiam seu crescimento econônimo na queima de combustíveis fósseis, seja carvão ou petróleo. Nenhuma dos dois países tem a capacidade de alterar drasticamente sua matris energética de forma a manter os níveis de crescimento econômico desde início do século XXI em um cenário de obrigatoriedade de reduções de suas emissões. A compreensão desta limitação de duas economias que mais crescem atualmente pode oferecer ao Brasil e às empresas que atuam aqui importantes vantagens competitivas.

Uma das primeiras coisas a se ter em mente é que será vantajoso para o Brasil assumir metas de redução das emissões de carbono a partir de 2012 e, assim, pressionar China e Índia a também projetarem suas reduções. Neste cenário o Brasil tem mais capacidade de ação a partir de um mercado estruturado de emissão de certificados de crédito de carbono e da utilização de tecnologias limpas. Como vantagem adicional está a decisão da Comissão Européia em reduzir em 20% suas emissões de carbono em relação aos valores de 1990. Um número que pode ser ampliado para 30% caso os Estados Unidos mudem sua posição de ignorar a existência das mudanças climáticas.

As empresas brasileiras que estão realizando os seus inventários de emissões de carbono de forma séria, referendada por organizações e profissionais capacitados, estarão um passo à frente na avaliação de suas ações no novo e possível cenário de restrições das emissões. Saber com antecipação qual é sua posição e poder planejar com calma as ações de compensação pode ser a diferenã entre continuar a crescer ou ter de botar o pé no freio das oportunidades de negócios para o Brasil, na medida em que algumas das grandes empresas européias estão presentes aqui e poderão transferir suas linhas de produtos que ficarem inviáveis na Europa para o Brasil. Isto se o páís estiver preparado para compensar o aumento em suas emissões de CO2.

Ganharão as empresas que conseguirem estabelecer uma fronteira clara entre a reputação de suas ações de caráter socioambiental e, em especial, de competência e qualidade em seus inventãrios de emissões de carbono, e as múltiplas facetas do marketing ambiental que está se estabelecendo através de ações meramente de comunicação. O valor da reputação é o que efetivamente tem o reconhecimento de acionistas e consumidores, sejam pessoas físicas ou as grandes trades responsáveis pelo comércio global, que estarão cada vez mais pressionadas impor critérios ambientais a seus fornecedores.

Por isso é importante que a moda pegue. E mesmo as empresas que estão apostando apenas no marketing acabam por contribuir para mostrar o valor da sustentabilidade e da consistência das ações das empresas comprometidas com resoltados em um mercado que acabou de nascer, mas que certamente terá vida longa.

Por Adalberto Wodianer Marcondes (Diretor responsável da Envolverde)
Fonte: Evolverde

terça-feira, 6 de abril de 2010

Alimentos Orgânicos em alta

De acordo com a pesquisa da Market Analysis, 17,3% dos brasileiros que residem em grandes cidades se dizem consumidores regulares de progutos orgânicos. Pela primeira vez o tema foi incluido no levantamento anual sobre sustentabilidade ambiental e social, realizado pelo instituto desde 2001.

O diretor da Market Analysis, Fabián Echegaray, diz que o resultado ficou acima do imaginado. "Foi uma surpresa porque sempre se acreditou que se tratava de um nicho", comenta. O resultado da pesquisa mostra que já muito mais disposição de comprar esse tipo de produto por parte do consumidor do que se imaginava. "Existe espaço para este mercado crescer e deixar de ser nicho", avalia.

A pesquisa da Market Analysis não teve questões relacionadas a preço, ponto delicado quando se trata de orgânicos, mas levantamentos anteriores indicam que os consumidores estão dispostos a pagar um pouco mais por produtos que apresentem algum benefício em relação à sustentabilidade. A pesquisa ouviu 802 pessoas entre 18 e 69 anos residentes em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Porto Alegre, Curitiba, Goiânia e Brasília.

Fonte: Valor Econômico/ Equipe Malagueta