quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Mercado de orgânicos se amplia com industrialização

Setor conquista definitivamente o agronegócio com processamento e novos produtos.
Há cinco anos, os preços dos orgânicos eram 70% superiores aos convencionais. Hoje, o valor é apenas 30% maior

As tradicionais hortaliças e leguminosas não são mais as protagonistas do mercado brasileiro de orgânicos. Além de uma crescente variedade de produtos nas prateleiras, como bolachas, sucos, pães, carnes e até mesmo cosméticos, a produção orgânica está, por meio da modernização industrial e de investimentos em tecnologia e pesquisa, deixando de ser apenas um movimento para entrar de vez no mundo do agronegócio.

Embora o Brasil seja o mercado de fertilizantes que mais cresce no mundo, o cenário dos orgânicos está mudando para melhor. De acordo com a Associação Brasileira de Orgânicos (Brasilbio), há cinco anos, os preços dos orgânicos eram, em média, 70% superiores aos convencionais. Hoje, o valor é apenas 30% maior. “O mercado está com um crescimento anual que varia entre 20% e 30%, o que é bastante promissor”, informa Sandra Caires Sabóia, gerente comercial de Alimentos Orgânicos do grupo Pão de Açúcar.

Nas lojas dessa rede de supermercados, os hortifrútis estão no topo dos alimentos orgânicos mais procurados pelo consumidor, seguidos pelos setores de mercearia e carnes. Segundo dados do Pão de Açúcar, azeite, arroz, açúcar e palmito orgânicos também estão entre os produtos campeões de venda.

Para uma parcela da população, entretanto, a falta de informações e os preços ainda elevados em relação aos produtos convencionais são empecilhos para aumentar o consumo de orgânicos. A isso, pode-se somar a falta de apoio e incentivos ao produtor por parte do governo e da legislação vigente, que não estimula o crescimento da produção brasileira. Mas no exterior, principalmente na Europa, o cenário é bem diferente.

O mercado internacional está muito à frente do brasileiro tanto no quesito produção como no consumo de alimentos orgânicos. “São produtos que oferecem uma alternativa que traga benefícios não só para o nosso corpo, mas também para o meio ambiente”, afirma Angelika Avril, publicitária de 55 anos que mora em Nuremberg, sul da Alemanha. “Não penso duas vezes antes de comprar um produto bio. O preço maior se converte em mais nutrientes e sabor”.

“Diferentemente do que acontece por aqui, os governos europeus incentivam os produtores a trabalhar com orgânicos”, afirma Sandra, do Pão de Açúcar. “A produção brasileira ainda é muito pequena, e é muito caro abrir o negócio. O governo precisa investir mais nos produtores rurais, por meio de uma legislação favorável e medidas de incentivo que impulsionem a nossa produção”.

A estratégia da rede de supermercados, que há 18 anos trabalha com orgânicos, foi proporcionar alternativas para a alimentação habitual de seus clientes. “Muita gente tinha vontade de consumir produtos orgânicos, mas não encontrava alimentos básicos do cotidiano, como arroz, feijão e carne”.

Mas criar uma cultura de consumo de produtos naturais e orgânicos não pode ser construída de um dia para outro. “É preciso ir com calma, até mesmo porque não temos como abastecer um grande mercado”, ressalta a gerente da rede que é a maior do setor em comercialização de produtos sem agrotóxicos. Além da marca Taeq, o Pão de Açúcar revende produtos orgânicos de outras marcas, como a Econatura, de Luiz Postinguer e Telvi Piccini, de Garibaldi, no Rio Grande do Sul.

Postinguer, cuja família sempre cultivou parreiras, já se preocupava com a relação do homem com agrotóxicos quando lecionava biologia. Na década de 1980, as terras de seu sogro e cunhado tiveram o incentivo de uma multinacional para a produção das uvas. Pouco tempo depois, a empresa foi vendida e os insumos pararam de chegar. Para não quebrar, os familiares de Luiz adotaram a redução total de gastos, tornando a produção o mais simples possível. Foram cortados agrotóxicos e fertilizantes, e até mesmo a mão de obra diminuiu. Contudo, a produção continuou firme e forte. Foi aí que Luiz percebeu que um processo agrícola natural, sem adição de produtos químicos, também era viável.

As famílias de Luiz e Telvi passaram então a produzir suco de uva para seus filhos e sobrinhos. O sabor concentrado e fresquinho foi conquistando a vizinhança, amigos e o mercado local de Garibaldi. Em 1995, os sócios começaram com um equipamento mais simples que, por meio da evaporação, conseguia extrair o sumo de 12 quilos da fruta por vez. Hoje, a Econatura dispõe de modernos equipamentos que conciliam qualidade e quantidade. Só no primeiro semestre de 2011, a empresa processou 500 toneladas de uvas.

“O consumidor de orgânico é um público bastante esclarecido, preocupado com sua saúde e com o que está ingerindo”, acredita Luiz. Além dos benefícios à saúde, o produtor enxerga outras vantagens na escolha por orgânicos, como a melhoria das condições de trabalho dos produtores rurais, que não precisam mais entrar em contato com “veneno”. Na empresa familiar de Luiz, trabalham 14 pessoas diretamente, na parte de administração e rotulagem-que é feita a mão, além de 15 safristas e mais 40 famílias de trabalhadores rurais. Todos com carteira assinada.

O suco “Uva’Só”, principal produto da marca, é embalados a vácuo, garantindo uma longa validade. Cada lote é engarrafado até um dia após a colheita da uva. Cada garrafa, que custa em média R$ 15, contém cerca de 20 cachos da fruta, que pode ser do tipo bordô, concord ou isabel.

Totalmente integral, o suco não contém adição de açúcar ou água. Além disso, não há qualquer adição de conservantes, nem mesmo daqueles permitidos para produtos orgânicos. Na 7ª Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia, a BioBrazil Fair, realizada em julho em São Paulo, a Econatura trouxe o primeiro vinagre orgânico do país.

Quando perguntado se o trabalho é lucrativo, o produtor gaúcho torna-se porta-voz da grande maioria dos produtores: “É um mercado de bastante investimento. Principalmente no que diz respeito à informação e esclarecimento do consumidor sobre o que é e como funciona o produto orgânico”.

Fonte:www.portaldoagronegocio.com.br

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Refrigerantes brasileiros terão que reduzir substância cancerígena

Fabricantes de refrigerantes de baixas calorias ou dietéticos cítricos terão que reduzir a quantidade de benzeno (substância cancerígena) das bebidas, conforme acordo fechado com Ministério Público Federal em Minas Gerais. Mas as indústrias terão prazo de até cinco anos. As informações são da Proteste Associação de Consumidores.

O Termo de Ajustamento de Conduta assinado com Ambev, Coca-Cola e Schincariol prevê que a quantidade máxima deverá ficar em cinco microgramas por litro.

A presença do benzeno nas bebidas foi detectada em 2009 pela Proteste ao realizar exames em 24 amostras de diferentes marcas. O TAC foi assinado agora, dois após o MPF instaurar inquérito civil público para apurar o caso.

Ao analisar 24 amostras de diferentes marcas, a Proteste detectou a presença do benzeno em sete delas: Fanta laranja, Fanta laranja light, Sukita, Sukita Zero, Sprite Zero, Dolly guaraná e Dolly guaraná diet.
 
Em duas das amostras – Fanta Laranja Light e Sukita Zero – a concentração estava acima dos limites considerados aceitáveis para a saúde humana. Foram encontrados limites aceitáveis de benzeno no Dolly guaraná tradicional e light, na Fanta laranja tradicional, Sukita tradicional e no Sprite Zero.

De acordo com o MPF, a legislação brasileira, em especial o Código de Defesa do Consumidor, estabelece que os produtos colocados à venda no mercado não poderão trazer riscos à saúde ou à segurança dos consumidores, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a fornecer as informações necessárias e adequadas a respeito.
 
Fonte: http://www.espacovital.com.br/noticia-25822-refrigerantes-brasileiros-terao-que-reduzir-substancia-cancerigena

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O brasileiro come veneno- O documentarista Silvio Tendler fala sobre seu filme/denúncia contra os rumos do modelo adotado na agricultura brasileira



Silvio Tendler é um especialista em documentar a história brasileira. Já o fez a partir de João Goulart, Juscelino Kubitschek,Carlos Mariguela, Milton Santos, Glauber Rocha e outros nomes importantes. Em seu último documentário, Silvio não define nenhum personagem em particular, mas dá o alerta para uma grave questão que atualmente afeta a vida e a saúde dos brasileiros: o envenenamento a partir dos alimentos.

Em O veneno está na mesa, lançado na segunda-feira (25) no Rio de Janeiro, o documentarista mostra que o Brasil está envenenando diariamente sua população a partir do uso abusivo de agrotóxicos nos alimentos. Em um ranking para se envergonhar, o brasileiro é o que mais consome agrotóxico em todo o mundo, sendo 5,2 litros a cada ano por habitante. As consequências, como mostra o documentário, são desastrosas.

Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Silvio Tendler diz que o problema está no modelo de

Desenvolvimento brasileiro. E seu filme, que também é um produto da Campanha Permanente Contra Os Agrotóxicos e pela Vida, capitaneada por uma dezena de movimentos sociais, nos leva a uma reflexão sobre os rumos desse modelo. Confira.

Brasil de Fato – Você que é um especialista em registrar a história do Brasil, por que resolveu documentar o impacto dos agrotóxicos sobre a agricultura e não outro tema nacional?

Silvio Tendler – Porque a partir de agora estou querendo discutir o futuro e não mais o passado. Eu tenho todo o respeito pelo passado, adoro os filmes que fiz, adoro minha obra. Aliás, meus filmes não são voltados para o passado, são voltados para uma reflexão que ajuda a construir o presente e, de certa forma, o futuro. Mas estou muito preocupado. Na verdade esse filme nasceu de uma conversa minha com [o jornalista escritor] Eduardo Galeano em Montevidéu [no Uruguai] há uns dois anos atrás, em que discutíamos o mundo, o futuro, a vida. E o Galeano estava muito preocupado porque o Brasil é o país que mais consumia agrotóxico no mundo. O mundo está sendo completamente intoxicado por uma indústria absolutamente desnecessária e gananciosa, cujo único objetivo realmente é ganhar dinheiro. Quer dizer, não tem nenhum sentido para a humanidade que justifique isso que está se fazendo com os seres humanos e a própria terra. A partir daí resolvi trabalhar essa questão. Conversei com o João Pedro Stédile [coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], e ele disse que estavam preocupados comisso também. Por coincidência, surgiu a Campanha permanente contra os Agrotóxicos, movida por muitas entidades, todas absolutamente muito respeitáveis. Fizemos a parceria e o filme ficou pronto. É um filme que vai ter desdobramentos, porque eu agora quero trabalhar essas questões.



Então seus próximos documentários deverão tratar desse tema?

Pra você ter uma ideia, no contrato inicial desse documentário consta que ele seria feito em 26 minutos, mas é muita coisa pra falar. Então ficou em 50 [minutos]. E as pessoas quando viram o filme, ao invés de me dizerem ‘está muito longo’, disseram ‘está curto, você tem que falar mais’. Quer dizer, tem que discutir outras questões, e aí eu me entusiasmei com essa ideia e estou querendo discutir temas conexos à destruição do planeta por conta de um modelo de desenvolvimento perverso que está sendo adotado. Uma questão para ser discutida deforma urgente, que é conexa a esse filme, é o agronegócio. É o modelo de desenvolvimento brasileiro. Quer dizer, porque colocar os trabalhadores para fora da terra deles para que vivam de forma absolutamente marginal, provocando o inchaço das cidades e a perda de qualidade de vida para todo mundo, já que no espaço onde moravam cinco, vão morar 15? Por que se plantou no Brasil esse modelo que expulsa as pessoas da terra para concentrar a propriedade rural em poucas mãos, esse modelo de desenvolvimento, todo ele mecanizado, industrializado, desempregando mão de obra para que algumas pessoas tenham um lucro absurdo? E tudo está vinculado à exploração predatória da terra. Por que nós temos que desenvolver o mundo, a terra, o Brasil em função do lucro e não dos direitos do homem e da natureza? Essas são as questões que quero discutir.



Você também mostrou que até mesmo os trabalhadores que não foram expulsos do campo estão morrendo por aplicar em agrotóxicos nas plantações. O impacto na saúde desses agricultores é muito grande...

É mais grave que isso. Na verdade, o cara é obrigado a usar o agrotóxico. Se ele não usar o agrotóxico, ele não recebe o crédito do banco. O banco não financia a agricultura sem agrotóxico. Inclusive tem um camponês que fala isso no filme, o Adonai. Ele conta que no dia em que o inspetor do banco vai à plantação verificar se ele comprou os produtos, se você não tiver as notas da semente transgênica, do herbicida, etc., você é obrigado a devolver o dinheiro. Então não é verdade que se dá ao camponês agricultor o direito de dizer ‘não quero plantar transgênico’, ‘não quero trabalhar com herbicidas’, ‘quero trabalhar com agricultura orgânica, natural’. Porque para o banco, a garantia de que a safra vai vingar não é o trabalho do camponês e a sua relação com a terra, são os produtos químicos que são usados para afastar as pestes, afastar pragas. Esse modelo está completamente errado. O camponês não tem nenhum tipo de crédito alternativo, que dê a ele o direito de fazer outro tipo de agricultura. E aí você deixa as pessoas morrendo como empregadas do agronegócio, como tem o Vanderlei, que é mostrado no filme. Depois de três anos fazendo a tal da mistura dos agrotóxicos, morreu de uma hepatopatia grave. Tem outra senhora de 32 anos que está ficando totalmente paralítica por conta do trabalho dela com agrotóxico na lavoura do fumo.



A impressão que dá é que os brasileiros estão se envenenando sem saber. Você acha que o filme pode contribuir para colocar o assunto em discussão?

Eu acho que a discussão é exatamente essa, a discussão é política. Eu, de certa maneira, despolitizei propositadamente o documentário. Eu não queria fazer um discurso em defesa da reforma agrária ou contra o agronegócio para não politizar a questão, para não parecer que, na verdade, a gente não quer comer bem, a gente quer dividir a terra. Estão duas coisas que, apesar de conexas, eu não quis abordar. Eu não quis, digamos assustar a classe média. Eu só estou mostrando os malefícios que o agrotóxico provoca na vida da gente para que a classe média se convença que tem que lutar contra os agrotóxicos, que é uma luta que não é individual, é uma luta coletiva e política. Tem muita gente que parte do princípio ‘ah, então já sei, perto daminha casa tem uma feirinha orgânica e eu vou me virar e comer lá’, porque são pessoas que têm maior poder aquisitivo e poderiam comprar. Mas a questão não é essa. A questão é política porque o agrotóxico está infiltrado no nosso cotidiano, entendeu? Queira você ou não, o agrotóxico chega à sua mesa através do pão, da pizza, do macarrão. O trigo é um trigo transgênico e chega a ser tratado com até oito cargas de pulverizador por ano. Você vai à pizzaria comer uma pizza deliciosa e aquilo ali tem transgênico. O que você está comendo na sua mesa é veneno. Isso independe de você. Hoje nada escapa. Então, ou você vai ser um monge recluso, plantando sua hortinha e sua terrinha, ou se você é uma pessoa que vai ficar exposta a isso e será obrigada a consumir.

Como você avalia o governo Dilma a partir dessa política de isenção fiscal para o uso de agrotóxico no campo brasileiro?

Deixa eu te falar, o governo Dilma está começando agora, não tem nenhum ano, então não dá para responsabilizá-la por essa política. Na verdade esse filme vai servir de alerta para ela também. Muitas das coisas que são ditas no filme, eles [o governo] não têm consciência. Esse filme não é para se vingar de ninguém. É para alertar. Quer dizer, na verdade você mora em Brasília, você está longe do mundo, e alguém diz para você ‘ah, isso é frescura da esquerda, esse problema não existe’, e os relatórios que colocam na sua mesa omitem as pessoas que estão morrendo por lidar diretamente com agrotóxico. [As mortes] vão todas para as vírgulas das estatísticas, entendeu? Acho que está na hora de mostrar que muitas vidas não seriam sacrificadas se a gente partisse para um modelo de agricultura mais humano, mais baseado nos insumos naturais, no manejo da terra, ao invés de intoxicar com veneno os rios, os lagos, os açudes, as pessoas, as crianças que vivem em volta, entenderam? Eu acho que seria ótimo se esse filme chegasse às mãos da presidenta e ela pudesse tomar consciência desse modelo que nós estamos vivendo e, a partir daí, começasse a mudar as políticas.



No documentário você optou por não falar com as empresas produtoras de agrotóxicos. Essa ideia ficou para outro documentário?

É porque eu não quis fazer um filme que abrisse uma discussão técnica. Se as empresas reclamarem muito e pedirem para falar, eu ouço. Eu já recebi alguns pedidos e deixei as portas abertas. No Ceará eu filmei um cara que trabalha com gado leiteiro que estava morrendo contaminado por causa de uma empresa vizinha. Eu filmei, a empresa vizinha reclamou e eu deixei a porta aberta, dizendo ‘tudo bem, então vamos trabalharem breve isso num outro filme’. Se as empresas que manipulam e produzem agrotóxico me chamarem para conversar, eu vou. E vou me basear cientificamente na questão porque eles também são craques em enrolar. Querem comprovar que você está comendo veneno e tudo bem (risos). E eu preciso de subsídios para dizer que não, que aquele veneno não é necessário para a minha vida. Nesse primeiro momento, eu quis botar a discussão na mesa. Algumas pessoas já começaram a me assustar, ‘você vai tomar processo’, mas eu estou na vida para viver. Se o cara quiser me processar por um documentário no qual eu falei a verdade, ele processa pois tem o direito. Agora, eu tenho direito como cineasta, de dizer o que eu penso.



Esse filme será lançado somente no Rio ou em outras capitais também?

Eu estou convidado também para ir para Pernambuco em setembro, mas o filme pode acontecer independente de mim. Esse filme está saindo com o selinho de ‘copie e distribua’. Ele não será vendido. A gente vai fazer algumas cópias e distribuir dentro do sentido de multiplicação, no qual as pessoas recebem as cópias, fazem novas e as distribuem. O ideal é que cada entidade, e são mais de 20 bancando a Campanha, consiga distribuir pelo menos mil unidades. De cara você tem 20 mil cópias para serem distribuídas. E depois nós temos os estudantes, os movimentos sociais e sindicais, os professores. Vai ser uma discussão no Brasil. Temos que levar esse documentário para Brasília, para o Congresso, para a presidenta da República, para o ministro da Agricultura, para o IBAMA. Todo mundo tem que ver esse filme.



E expectativa é boa então?

Sim. Eu sou um otimista. Sempre fui.


 

Veja o documentário abaixo e tire suas conclusões:




 
Fonte : Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida
 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

“Há um ocultamento dos impactos dos agrotóxicos e a falsa ilusão de que eles não existem”

Os dados sobre o uso de agrotóxicos no Brasil são preocupantes. O país é o líder mundial no consumo de agrotóxicos, com o uso de aproximadamente 1 bilhão de litros de venenos agrícolas por ano. É como se cada brasileiro consumisse uma média de cinco litros de veneno anualmente.
Os lucros no setor também não param de crescer. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), as empresas do ramo tiveram faturamento líquido de US$ 18,2 bilhões em 2010. Parte desse lucro é derivada das isenções fiscais. Por exemplo, no estado do Ceará, os agrotóxicos são isentos da cobrança de impostos como o ICMS, IPI, PIS/Pasep e Cofins.
Diante desse contexto, a “Campanha Permanente Contra o Uso de Agrotóxicos e pela Vida”, que completa seis meses de lançamento, vem atuando no diálogo com a sociedade sobre os riscos desses venenos e no combate à sua utilização. Em entrevista à Radioagência NP, a médica e pesquisadora do Núcleo Tramas, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, Raquel Rigotto, fala sobre a Campanha e sua relação com a saúde pública no Brasil.
Radioagência NP: Raquel, qual sua avaliação sobre a articulação entre diversos grupos da sociedade na Campanha Permanente contra os Agrotóxicos?
Raquel Rigotto: A Campanha Contra os Agrotóxicos e pela vida cumpre um dever que é de todos nós, mas é também do Estado brasileiro. Porém, o Estado não está cumprido sua parte, que é de permitir aos cidadãos o direito de saber. Saber o que nós estamos comendo.  Temos o direito de saber as consequências disso pra essa geração e pras futuras. E esse direito vem sendo negado, porque o que a gente observa é um Estado profundamente eficiente pra promover e apoiar o agronegócio, seja no que diz respeito ao financiamento, à infraestrutura, à facilitação da legislação, da comercialização, etc. Ao mesmo tempo, esse Estado não tem a mesma eficiência pra proteger a sociedade dos impactos dos agrotóxicos e dos transgênicos, e também tem ocultado esses impactos.
Radioagência NP: Como essa forma de tornar os efeitos dos agrotóxicos “invisíveis” se manifesta na área da saúde?
RR: Na medida em que o Sistema Único de Saúde [SUS] é incapaz de diagnosticar adequadamente as intoxicações agudas e os efeitos crônicos dos agrotóxicos; e notificar esses diagnósticos, para que eles possam aparecer nas estatísticas oficiais como relacionados aos agrotóxicos, está se promovendo um ocultamento desses impactos e criando a falsa ilusão de que eles não existem. Dando às indústrias químicas e às empresas o direito de perguntar [aos pesquisadores e médicos]: “cadê o dano a que vocês se referem? Onde estão esses casos?”. Há uma invisibilização também quando não se geram dados sobre a contaminação ambiental, qual a situação da água nos diferentes locais do Brasil onde os agrotóxicos estão sendo intensivamente utilizados. O monitoramente dessa água não vem sendo feito como deveria e como está previsto na legislação.
Radioagência NP: Quais os debates e a forma de engajamento social que a Campanha proporciona?
RR: A Campanha tem trazido essa oportunidade de levar esse debate a público, para que as pessoas atentem para o problema que esta acontecendo e possam participar disso. Agora, participar de uma maneira ética e consciente, porque a solução do indivíduo que começa a compreender esse problema e pensa “então eu vou passar a comer alimentos orgânicos e isso é tudo o que eu tenho a fazer em relação a esse problema”, não é a solução que nós desejamos. Essa é uma solução individualista, burguesa e alienada. Nós precisamos nos situar dentro de um planeta que tem um equilíbrio muito frágil e onde nós, enquanto sociedade humana, temos um poder enorme de intervenção sobre ele, poder esse dividido desigualmente entre as classes sociais, os blocos econômicos, os países, os segmentos étnicos. É preciso fundamentalmente repensar o modelo de desenvolvimento.
Radioagência NP: Comente a proposta de organizações sociais em suspender a isenção de incentivos fiscais para os agrotóxicos, para que esse valor seja reinvestido na saúde pública.
RR: Percebemos o tanto que a exposição de toda a população brasileira aos agrotóxicos – através dos alimentos contaminados – e especialmente da população trabalhadora, dos moradores das regiões do entorno das fábricas de agrotóxicos, das empresas que utilizam no agronegócio, onera grandemente o SUS, com os cânceres, as intoxicações agudas, os efeitos endócrinos, as doenças hepáticas, respiratórias. Por outro lado, nós sabemos também que o fato dos agrotóxicos terem isenção é fator de competitividade, de guerra fiscal entre os estados – quem oferece mais isenção, atrai mais empreendimentos do agronegócio -, então isso é um estímulo a ter um uso de agrotóxicos, que também onera mais o SUS. E se essa isenção for suspensa, se nós estamos falando de um mercado anual de US$ 8,5 bilhões. Essa isenção significaria um recurso volumoso que poderia ser aportado para o financiamento do SUS.
(Entrevista realizada em coletiva de imprensa durante o Encontro Nacional de Diálogos e Convergências)
Fonte:http://www.radioagencianp.com.br/10267-ha-um-ocultamento-dos-impactos-dos-agrotoxicos-e-a-falsa-ilusao-de-que-eles-nao-existem

Para baixar a entrevista  http://www.radioagencianp.com.br/sites/ranp/imagens/131011impactoagrotoxicos.mp3

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

COMIDA & VENENO

“Contaminação orgânica pela alimentação é uma questão de saúde pública”

O ímpeto, a ganância e a falta de informações ou o descaso às conseqüências no uso, são práticas normais geradas pelas irresponsabilidades das indústrias químicas voltadas ao setor da alimentação. É dever das autoridades de Saúde, alertar e informar os consumidores, dos cuidados e precauções, afim de não alimentar a indústria da doença que cresce violentamente em todo o planeta. Recentemente um trabalho realizado pela Secretária de Vigilância Sanitária do Paraná, revelou que o consumidor paranaense está ingerindo alimentos contaminados por agrotóxicos. Citou que o tomate, a maçã, o morango e o mamão vendidos em supermercados, são os alimentos que mais possuem resíduos de pesticidas. Alerta também da presença de agrotóxicos nos cereais em geral. Segundo a Vigilância Sanitária, entre 407 amostras colhidas, 225 destes tinham presença de substâncias químicas nocivas. Por exemplo, os percentuais de incidências eram altíssimos no tomate, com 98%, morango com 92% e o mamão com 63%. Dentre a 225 amostras contaminadas, 118 tinham irregularidades: 65 tinham agrotóxicos proibidos e excesso no limite permitido pela lei. Foram identificados 21 tipos de venenos, a maior parte do grupo ditio carbamatos e o endossulfan (organoclorado), os quais também encontrados em 100 amostras de alface, maçã, mamão, morango e tomate. O endosulfan tem uso restringido ou proibido no mundo por ser extremamente tóxico.

O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo. No ano de 1998, consumiu 306.302 toneladas de produtos formulados que corresponde a 128.712 toneladas de ingredientes ativos. Este consumo gerou para as indústrias no Brasil US$ 3 bilhões e prejuízos incalculáveis à saúde pública.

AÇÃO DO AGROTÓXICO NO ORGANISMO

A maioria dos agrotóxicos seja pesticida, fungicida ou herbicida, são venenos formulados para destruir ou matar organismos vivos. Como nós somos organismos vivos, a sua presença no nosso meio orgânico, só pode causar prejuízos. Na composição da maioria dos agrotóxicos, existe a presença de metais tóxicos como o mercúrio, chumbo e outros não menos tóxicos. Praticamente, todos oferecem toxidades cumulativas e podem afetar o Sistema Nervoso, a Medula, os Rins, o Fígado e todo o processo Endócrino (hormonal).

SINTOMAS GERAIS DE CONTAMINAÇÃO

* Falta de disposição / cansaço;

* Dores musculares e articulares;

* Ansiedade / Depressão;

* Distúrbios endócrinos (hormonais);

* Obesidade ou magreza;

* Cabelos e unhas frágeis;

* Falhas de memória;

* Dor de cabeça / Enxaqueca;

* Queda na acuidade visual;

* Problemas de colesterol e triglicerídeos;

* Diabetes;

* Distúrbios digestivos e intestinais;

* Disfunções de ordem sexual / Impotência;

* Distúrbios de ordem mental;

* Etc.

PREVEÇÃO E CUIDADOS NA ALIMENTAÇÃO

* Evitar alimentos industrializados;

* Consumir cereais, frutas, verduras e legumes orgânicos;

* Cereais orgânicos devem ser bem lavados, pois podem ter contaminação nos meios de conservação nos depósitos;

* Frutas devem ser lavadas e descascadas, a fim de consumir;

* Verduras e legumes, mesmos orgânicos, devem ser bem lavados para evitar a contaminação por parasitas indesejáveis;

* Cuidado com fibras e germe de trigo, com sementes germinadas, lecitinas ou derivados de soja existentes no mercado, pois podem conter agrotóxicos;

* Atenção também com carnes de aves e animais que consomem além de hormônios sintéticos, agrotóxicos contidos nas suas rações.

Na presença de algum sintoma de contaminação, o que fazer?

Se você tem algum distúrbio e que já fez vários exames convencionais e normais, tratamento sem resultados e os problemas voltaram, siga os passos seguintes:

* Consulte um especialista em neuroendocrinologia;

* Se apresentar desequilíbrios nos processos endócrinos, principalmente no que se refere ao eixo hipotálamo/hipófise e tireóide, deve-se pesquisar a fonte causadora desse desequilíbrio;

* Consulte um especialista em Medicina Biomolecular;

* É interessante a pesquisa na verificação de parasitas indesejáveis e dos metais tóxicos pelo método da biorressonância;

* Na presença de elementos tóxicos, fazer a eliminação por meios não agressivos;

* Após a desintoxicação, fazer uma terapia de regeneração orgânica.

SUPLEMENTOS ALIMENTARES RECOMENDADOS NA PREVENÇÃO E TERAPIA

As substâncias tóxicas desestabilizam as funções orgânicas pelo desequilíbrio do metabolismo, portanto os suplementos alimentares ou alimentos funcionais com características de facilitar o metabolismo ajudam e acelerar o processo de recuperação.

Benefícios

Alga Chlorella Phyrenoidosa (Dia Chlorella): Tem ação desintoxicante, inclusive de metais tóxicos.

Incorpora quase todos os nutrientes e é um excelente hapatoprotetor. Otimiza o processo digestivo e imunológico.

Enzimas Digestivas (Floranew): Equilibra a deficiência do complexo B, do zinco, cobre e cromo, causada pela contaminação. Age no metabolismo do Ácido Fólico e da fixação do Ferro na hemoglobina.

Ácidos Graxos (Ômeganew): É um ácido graxo rico em ômega 3, EPA e DHA. Tem ação protetora a nível celular e age na regularização do processo endócrino.

Observação: Os alimentos funcionais acima citados são básicos. Para cada caso requer averiguações mais detalhadas, que devem ser feitas através de um profissional devidamente habilitado, a fim de adotar outras medidas necessárias.

Saiba que:

A única forma de preservar a saúde é por meio de prevenção.

O desequilíbrio orgânico ou a doença é um evento certo sobre algo errado, se evitarmos ou eliminarmos o errado os distúrbios estarão ausentes.


Fonte:Novos Rumos