sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Para cuidar do coração e manter o peso

As gorduras e os carboidratos, quando ingeridos em excesso, estão relacionados ao acúmulo de tecido adiposo no organismo. Porém, as recomendações nutricionais que restringem o consumo de gordura animal - colesterol e ácidos graxos saturados - também não contribuíram para a redução da obesidade e doenças cardiovasculares entre a população.

A análise dessas enfermidades deve ir mais além do que a ingestão exagerada de determinados nutrientes, considerando a qualidade da dieta como um todo e a qualidade de vida do paciente no que diz respeito aos aspectos emocionais e ao sedentarismo.

As gorduras oferecem um poder de saciedade e não podem estar em desequilíbrio na dieta, pois esse desequilíbrio leva ao aumento do consumo de carboidratos. Do ponto de vista quantitativo dietético, a causa da alta taxa de obesidade nas sociedades contemporâneas está no alto consumo de carboidratos. Quando se orienta um baixo consumo de gordura e colesterol na dieta, a necessidade de calorias é compensada com um aumento no consumo de carboidratos (cereais, massas e açúcares) o que pode levar ao aumento da taxa de triglicerídeos. Outros aspectos da dieta contemporânea merecem relevância, como a grande quantidade de produtos industrializados e a baixa ingestão de alimentos frescos, de cereais integrais, de frutas e de verduras. É esta dieta que tem sido incorporada por muitas outras culturas.

A hipótese levantada pelo pesquisador Ansel Keys, na década de 70, de que a ingestão de gordura animal está diretamente ligada ao aumento de doenças cardiovasculares deve ser revista. Sem dúvida, o excesso de gordura animal é prejudicial ao organismo, assim como a carência ou excesso de qualquer nutriente. Porém, as causas dietéticas dessas doenças devem ser consideradas globalmente dentro da nossa dieta que é pobre em fibras que influenciam na absorção das gorduras; rica carboidratos de rápida absorção que interferem no metabolismo das gorduras e deficiente em minerais e vitaminas de ação protetora das paredes dos vasos, antioxidante, hipocolesteronêmica e controladora da homocisteína. O alto nível sangüíneo dessa substância tem sido relacionado com a tendência de formar coágulos e placas ateróides. A homocisteína é uma proteína cujos níveis estão aumentados no caso dos pacientes com hipercolesteronemia e tem íntima ligação com o LDL colesterol, o colesterol chamado de maléfico.

Sabe-se, também, que a ingestão de gorduras vegetais hidrogenadas e margarinas não garante níveis equilibrados de colesterol, devido à presença de ácidos graxos trans, de ação comprovadamente hipercolesteronêmica. Além do mais, é preciso considerar que a causa das doenças cardiovasculares é multifatorial e o desequilíbrio alimentar é somente uma de suas causas, junto com o sedentarismo, o fumo e a tensão. Alimentos light, óleos com baixo teor de triglicerídeos, leites enriquecidos com ômega-3 e margarinas funcionais com fibras e baixo teor de ácidos trans aparecem entre muitos novos produtos milagrosos veiculados por um marketing envolvente. Estes produtos continuam a ser uma desesperada luta contra o crescente aumento da obesidade e das doenças cardiovasculares. São inacessíveis para a maioria da população pelo seu alto custo, tem grande quantidade de aditivos sintéticos (como no caso da margarina) e favorecem os interesses do complexo médico-industrial e da agroindústria baseada no Padrão Técnico Moderno de agricultura.

Para promover a saúde cardiovascular, orienta-se consumir as gorduras em proporção adequada, evitando os alimentos industrializados e priorizando, sempre que possível, os frescos de origem integral e orgânica:

Consumir alimentos ricos em vitaminas B para equilibrar os níveis de homocisteína no organismo e boas fontes de iodo para ativar a função da tireóide (cereais integrais, peixes frescos, sal marinho integral, leguminosas);

Ingerir fontes de fibras, vitaminas e minerais para manter as artérias menos suscetíveis a rupturas: amêndoas, nozes, sementes de linhaça, gergelim, girassol, cereais integrais, frutas secas e frescas e grande variedade de verduras;

Incluir fontes de ácidos graxos saturados e insaturados: carnes e ovos orgânicos, manteiga, leite integral e derivados, óleos de coco, de palma, de alho, de gergelim, de girassol e de grãos pressurizados a frio, sementes, nozes e frutas oleaginosas;

Restringir ao máximo o uso de pães, massas e cereais refinados, açúcar branco, margarina e alimentos à base de gorduras hidrogenadas. Preferir sempre cereais e pães integrais;

Utilizar, para o cozimento, o mínimo de óleos vegetais pressurizados a alta temperatura. Adicione óleos pressurizados a frio, de oliva ou manteiga, ao final das preparações;

Respeitando o ritmo arcadiano da função hepática, ressaltamos que o melhor horário para a ingestão de gorduras em geral é entre 3 horas da manhã e 15 horas, quando o fígado prioriza a digestão desse nutriente. É consenso que uma refeição rica em gorduras, à noite, interfere na qualidade do sono;

De forma geral, as frituras em excesso e a ingestão desequilibrada de gorduras, bem como de qualquer nutriente, deve ser restrita, especialmente numa dieta pobre em fibras. Porém, nenhum nutriente específico faz mal. A gordura não foge a essa regra. O importante é o equilíbrio de nutrientes numa dieta qualitativa e quantitativamente equilibrada;

Produtos light e desnatados só devem ser ingeridos por curto tempo, em caso de dietoterapia e orientação específica. Junto com a nata do leite, por exemplo, encontram-se as vitaminas lipossolúveis - A,D, E e K - que se perdem nos leites e iogurtes desnatados, tornando-os produtos de menor valor calórico e também desequilibrados em nutrientes;

Os queijos mais indicados são os queijos brancos integrais e a ricota, por sua melhor digestibilidade e pela ausência de aditivos químicos sintéticos. A manteiga, sem dúvida a melhor fonte de gordura para usar no pão integral, deve ser ingerida crua ou somente derretida, nunca frita. Acrescente-a somente ao final de preparações culinárias e seu consumo deve ser associado a uma dieta rica em fibras;

Idealmente, a melhor maneira de se utilizar óleos em geral é no final das preparações, sem aquecimento prolongado que modifica a sua estrutura e forma os radicais livres. Como já mencionado, os óleos ideais para o cozimento são os de grãos pressurizados a frio e os óleos de palma e de coco. Devido à dificuldade de obtenção no mercado podem-se utilizar os óleos vegetais em pequena quantidade - especialmente os óleos de milho, girassol e arroz.


Entre outras fontes de óleos vegetais pressurizados a frio estão os óleos de gergelim, linhaça e alho, excelente fonte de vitamina E e os ácidos graxos insaturados. Os óleos de girassol e de palma, já disponíveis no mercado interno, também apresentam excelente valor nutricional.

O azeite de oliva, especialmente o pressurizado a frio, extra virgem, deve ser utilizado de preferência cru, nas saladas ou no final das preparações por suas excelentes qualidades terapêuticas e para manter seus óleos etéricos e vitalidade.

Ao refogar os alimentos, evitar aquecer demasiadamente a gordura ou o óleo, colocando um pouco de água na panela. As frituras devem ser de ingestão eventual na dieta, pois o superaquecimento dos óleos produz substâncias tóxicas ao fígado, como a acroleina. Evitar reutilizar óleos de frituras.

As castanhas, nozes e sementes (linhaça, gergelim, girassol) e frutas, como o abacate, constituem boa fonte de gorduras, além de oferecerem proteína, fibras e fitoquímicos de ação anticancerígena e antioxidante. Seu uso deve ser incentivado para enriquecer e diversificar a dieta.

Por fim, para manter o peso e a saúde cardiovascular é necessário fazer exercícios físicos regulares e controlar o cigarro e os níveis de estresse.

Essas recomendações são gerais e não substituem orientações terapêuticas específicas no caso de enfermidades. Cada caso deve ser avaliado individualmente, sendo necessária, algumas vezes, a restrição de gordura animal no início do tratamento até que o paciente se reequilibre em diversos níveis e possa voltar a consumir tal nutriente.

É conveniente ressaltar que a prevenção da obesidade, dislipidemias e doenças cardiovasculares e crônico-degenerativas começa na infância com a manutenção de um instinto alimentar sadio e a implantação de hábitos saudáveis dentro da estrutura familiar.

Fonte: Portal do Orgânico

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