Se na cozinha de casa, não dá para se livrar totalmente do agrotóxico, a solução está nos alimentos orgânicos. Mas essa produção, que tem que seguir uma série de regras, ainda é pequena e o preço é para poucos.
Na última reportagem da série sobre agrotóxicos, que o Jornal nacional apresenta nesta semana, os repórteres Mônica Teixeira e Luiz Cláudio Azevedo mostram o que pode ser feito para diminuir a quantidade de produtos químicos nos alimentos.
Lavar, esfregar, tirar a casca. Nem mesmo uma boa limpeza é capaz de remover todo o resíduo de agrotóxicos dos alimentos.
“Você consegue reduzir um pouco dessa química, desse veneno, consegue abrandar, mas você não elimina totalmente”, garante a nutricionista Maria Marquez.
Se na cozinha de casa, não dá para se livrar totalmente do agrotóxico, a solução está no campo: reduzir ou até eliminar o veneno na hora de plantar. Já existem produtores descobrindo um jeito mais natural de produzir o que vai para a mesa dos brasileiros.
No meio das montanhas de Itaipava, Região Serrana do Rio, uma plantação bem diferente da maioria das lavouras tem de tudo um pouco, verduras, legumes, sem uma gota sequer de produto químico.
“O desafio é aprender a lidar com o solo. Se você leva nutrientes ao solo, o solo vai te devolver aquele carinho que você dá para ele”, diz o empresário Dick Thompson.
Alimentos mais limpos, justamente o que as pessoas procuram. “Menos agrotóxico e as coisas plantadas melhor para a terra poder durar um pouquinho mais”, conta um consumidor.
“Nada dessas coisas que a gente sabe que não faz bem a saúde”, destaca uma mulher.
Os alimentos orgânicos, aqueles totalmente livres de agrotóxicos, têm que ser cultivados seguindo uma série de regras. A produção ainda é pequena. São apenas 15 mil agricultores orgânicos registrados, de um total de 5 milhões de produtores agrícolas no país. É por isso que nas prateleiras dos supermercados os produtos ocupam apenas um pequeno espaço. E o preço é para poucos.
Enquanto o pimentão convencional custa, em média, R$ 3,37, o quilo, nas feiras do país, o orgânico sai a R$ 5. No pepino a diferença é ainda maior: de R$ 1,88 para R$ 4,50. E a caixa do morango convencional sai por R$ 3, e a do orgânico, por R$ 4. Esses são os três alimentos em que a Anvisa encontrou mais resíduos de agrotóxicos.
Os orgânicos têm até um selo, um comprovante de garantia atestando que foram produzidos sem veneno e com respeito ao meio ambiente. Plantar assim dá mais trabalho.
É uma das justificativas dos produtores para custar mais caro. A dúvida é: será que dá para produzir em larga escala sem recorrer ao uso de pesticida? “Esses métodos alternativos também são possíveis em grandes áreas. Nós vemos a agricultura orgânica como uma forma de mostrar que existe um caminho alternativo. E isso faz com que o que se trabalha para a agricultura orgânica possa também ser usado para a agricultura convencional”, diz Rogério Dias, coordenador de Agroecologia do Ministério da Agricultura.
Usar produtos menos tóxicos e sem excessos já pode ser uma saída. No interior do Espírito Santo, Seu Domingos usa receitas naturais contra as pragas.
“A gente aplica uma calda de sabão com óleo vegetal. Receita caseira, a gente usa quando aparece um sinal de cigarrinha, alguma coisa”, ele conta.
As plantações da família estão quase livres dos agrotóxicos. “Vantajoso com certeza é quando a gente olha o aspecto humano, social e o aspecto ecológico”, avalia a agricultora Ana Cristina Soprani.
Ainda é preciso incentivar e baratear a produção. Uma mudança no campo pode mudar também a vida na cidade. “Essa opção de comer coisas naturais sem pesticida, isso é uma benção, uma maravilha para a gente”, declara uma mulher.
Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/12/limpeza-nao-consegue-remover-o-residuo-de-agrotoxicos-dos-alimentos.html
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