segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Anúncio de alimentos pouco saudáveis predomina na televisão


Publicidade transmite ideia errada sobre nutrição, dizem especialistas

Na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, uma pesquisa mostra que peças publicitárias de alimentos na televisão induziram diversas crianças a acreditar que esses produtos eram bons e saudáveis. O estudo também acompanhou os anúncios exibidos e aponta que nenhum deles mostra alimentos saudáveis. O nutricionista Alexander Marcellus, que realizou o trabalho, defende que o Congresso Nacional regulamente a publicidade de alimentos para crianças, que não possui lei ampla sobre esse assunto no Brasil.
Entre as crianças, 40% assistem mais de 6 horas de televisão nos fins de semana
Participaram do trabalho 15 crianças de 10 a 12 anos e 15 mães, entrevistados para avaliar a maneira como percebem a publicidade de produtos alimentícios na televisão. Também foi analisada a programação dos dois canais de maior audiência para o público infantil, de segunda à sexta-feira.
— Entre as crianças pesquisadas, 26% viam mais de 3 horas de televisão durante a semana, e 40% assistiam 6 horas ou mais no final de semana — conta Alexander.
O tipo de alimento mais veiculado foi o fast-food, também apontado como o preferido pelas crianças, ao lado dos refrigerantes e dos produtos lácteos.
— Elas possuem uma memória voltada para aquilo que aparece na televisão — diz o nutricionista. — Embora já diferenciem a propaganda do restante da programação, sentem vontade de consumir os produtos e pedem aos pais para comprar.
Nenhum dos alimentos anunciados no período acompanhado pela pesquisa é considerado saudável, aponta Alexander.
— A publicidade transmite uma ideia errada sobre a qualidade nutricional, ludibriando crianças que alimentos ricos em açúcar ou gorduras são saudáveis, por exemplo — afirma. O pesquisador relata que em alguns casos, apesar da veiculação de informações verdadeiras, não há honestidade nos anúncios, o que fere a ética publicitária. — Mostra-se que um suco de frutas não tem conservantes, mas é omitida a presença de outros aditivos que podem ser prejudiciais à saúde.
Influência
As mães entrevistadas na pesquisa não souberam identificar os publicitários como responsáveis pelos anúncios de alimentos.
— Entretanto, 40% não concordam que a publicidade tenha que ter apelo à criança — observa Alexander. — É importante resssaltar que os pais não apenas estão entre os responsáveis pelos hábitos alimentares dos filhos como também servem de influência, por isso, precisam de orientação.
Alexander alerta que o Brasil é um dos poucos países do mundo que não possuem regulamentação séria sobre a publicidade de alimentos e bebidas para crianças até 12 anos.
— A lei deve vir em respeito à fase de formação da criança, que está compreendendo o mundo em sua volta para se comportar como consumidor — destaca. — No último dia 17 de dezembro, mais 50 entidades da sociedade civil lançaram a Frente pela Regulamentação da Publicidade de Alimentos, para reivindicar junto ao Poder Público a regulamentação do tema.
A publicidade institucional do governo federal é outro caminho apontado pelo nutricionista para incentivar o consumo de alimentos saudáveis.
— Anualmente são gastos 6 bilhões de reais em publicidade, sendo que com apenas 1% desse valor seria possível colocar seis inserções semanais na televisão de anúncios mostrando os benefícios de alimentos como frutas, verduras e legumes — calcula Alexander. — O governo tem a obrigação não só de educar como de cuidar da saúde das crianças.


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Orgânicos movimentam o varejo e criam possibilidades de negócios


Empresa em SP reúne mercado, cafeteria e restaurante dentro do setor.
Novo conceito privilegia varejo sustentável.

Do PEGN TV


Em São Paulo, nasce um novo conceito de varejo que privilegia o sustentável. A empresa reúne supermercado, cafeteria, restaurante e eventos culturais voltados à comercialização de orgânicos. E os consumidores levam para casa produtos certificados.

Tudo que é exposto no mercado foi escolhido de forma criteriosa. São cerca de 750 itens que valorizam o sustentável. No espaço voltado para a alimentação ficam as frutas orgânicas, os produtos mais vendidos da loja. São frutas de todos os tipos: maçã, abacate e maracujá. As verduras e os legumes chegam direto da horta e estão sempre fresquinhos.


No mercado diferente, que fica na zona oeste de São Paulo, não entra produto com agrotóxico. Tudo é orgânico. O espaço foi montado pelo empresário Nardi Davidshon há menos de um ano.
“Eu consumo orgânicos há mais de dez anos (...). Eu acredito neste mercado e vejo que existe uma demanda muito crescente das pessoas preocupadas com um alimento que propicie saúde para elas”, afirma o empresário.
Davidsohn trabalha com 50 fornecedores de hortifruti, espalhados por todo o Brasil. “A gente tem arroz do Rio Grande do Sul, maça de Santa Catarina, laranja da Bahia, a carne orgânica do Mato Grosso do Sul, até o açaí que vem lá do Pará”, diz.

Tudo o que chega ao local tem certificação orgânica. “A fruta é a grande porta de entrada do consumidor do orgânico, porque quando ele consome, prova uma fruta orgânica, ele percebe a diferença do sabor, porque é enorme entre o produto orgânico e o convencional”, revela o empresário.


O mercado recebe cerca de 40 clientes por dia. Todos em busca de alimentos saudáveis. “Eu tenho um bebezinho e quero que ela coma produtos orgânicos também”, relata a consumidora Camila Aragon.


“Aqui eu encontro verduras absolutamente frescas (...). O que é fundamental para quem quer comer uma coisa gostosa”, diz Bernardino Luiz Andreozzi.
Além das frutas e verduras, o mercado oferece a cafeteria e o restaurante que servem comida orgânica. O cardápio segue a sazonalidade dos alimentos e muda todos os dias. O almoço custa R$ 38 durante a semana e R$ 48 aos sábados e domingos. Segundo o empresário, a gastronomia agrega valor ao negócio. “Uma vez o cliente descobrindo o sabor da gastronomia orgânica, ele quer levar para casa depois o ingrediente e preparar na sua casa. Aqui atualmente é uma porta de entrada.”

O mercado também possui produtos industrializados de origem orgânica. São doces, bebidas, material de limpeza e até higiene pessoal. Todo o mobiliário usado aqui neste galpão de
500 metros quadrados é de madeira reciclada de demolição. E a iluminação é feita com lâmpadas de LED, que gastam menos energia.

Segundo a Associação Brasileira de Orgânicos, o Brasil já movimenta neste setor mais de R$ 1 bilhão por ano. Embalado pelo bom momento, o mercado do empresário Nardi Davidsohn cresce 15% ao mês. E ele tem novos projetos. “A gente tem sido procurado por pessoas do Brasil todo, interessados em ter esse conceito na sua cidade, e a gente tá desenhando sim um plano de expansão.”


Para Carlos Eduardo Gouvêa, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Especiais, os produtos orgânicos são um grande investimento.


“Os orgânicos vêm dentro deste contexto de saudabilidade, é um dos grandes chamarizes hoje da indústria para se ter uma renovação dos ciclos, não só por parte do consumidor, que percebe hoje a nutrição como um grande aliado para uma melhor qualidade de vida. Nutrição com prática de atividades física, hoje estão combinadas, e o orgânico se encaixa exatamente neste conceito”, diz.
 
Fonte http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2011/09/organicos-movimentam-o-varejo-e-criam-possibilidades-de-negocios.html