Por Gilberto Costa - Agência Brasil
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O
cultivo de alimentos transgênicos divide o governo e coloca em lados opostos o
Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), ligado à
Presidência da República, e a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
(CTNBio), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A
liberação da venda do feijão GM Embrapa 5.1 expôs a divergência entre os dois
órgãos.
Em
carta enviada à presidenta Dilma Rousseff durante o processo de liberação do
feijão geneticamente modificado (Exposição de Motivos nº 009-2011, de 7 de
julho), o presidente do Consea, Renato Sérgio Jamil Maluf, afirma que o Brasil
"não tem respeitado o princípio da precaução, base fundamental da Agenda
21, em suas decisões referentes a temas de biossegurança". Segundo Maluf,
o Consea avalia que é preciso adequar as políticas de biossegurança aos
preceitos da Conferência Rio 92 e avalia como "escassa" a análise
genética e os estudos de campo em Goiás, Minas Gerais e no Paraná.
O
presidente do conselho pediu a proibição da liberação do feijão transgênico e
fez duras críticas à CTNBio, solicitando "especial atenção" de Dilma
Rousseff às liberações comerciais do órgão. "Percebe-se que a referida
comissão assumiu um caráter de entidade facilitadora das liberações de OGMs
[organismos geneticamente modificados] no Brasil, em situação que
rotineiramente contraria os votos e despreza argumentos apresentados pelos
representantes da agricultura familiar, dos consumidores, dos ministérios da
Saúde, do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Agrário".
A
carta do Consea a Dilma fez com que o presidente da CTNBio, Edilson Paiva,
enviasse ofício (nº 786, de 2 de agosto) ao ministro Aloizio Mercadante
(Ciência, Tecnologia e Inovação) e criticasse o conselho pela visão
"obscurantista". Paiva ressalta que a CTNBio cumpre as regras
internacionais, como a Codex Alimentarius da Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO) e a legislação brasileira sobre biossegurança.
Edilson
Paiva enfatiza o rigor das avaliações na CTNBio. Segundo ele, a liberação
comercial do feijão geneticamente modificado (ainda em análise naquela época)
se basearia em documentação "bastante robusta" (500 páginas), em
testes de "toxicidade e alergenicidade", que tiveram resultados
negativos, e em parecer de especialista independente apresentado em audiência
pública. O presidente da CTNBio enfatizou que a produção de OGMs pela Embrapa
levou "uma dezena de anos" e envolveu "quase uma centena de pesquisadores".
No ofício, Paiva ainda pergunta "qual a perda para os agricultores brasileiros se deixarmos que o vírus afete a produtividade do feijão? Como este prejuízo se compara com os alegados e não comprovados potenciais danos à saúde ou ao ambiente?". O feijão transgênico foi liberado em 15 de setembro após controvérsia dentro do governo.
No ofício, Paiva ainda pergunta "qual a perda para os agricultores brasileiros se deixarmos que o vírus afete a produtividade do feijão? Como este prejuízo se compara com os alegados e não comprovados potenciais danos à saúde ou ao ambiente?". O feijão transgênico foi liberado em 15 de setembro após controvérsia dentro do governo.
O
assunto poderá voltar à discussão pública durante a 4ª Conferência Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional, que ocorrerá em Salvador (BA) entre 7 e 10
de novembro. Documento de referência para a preparação do evento aponta que
"o agronegócio empresarial (...) expande um modelo frágil e insustentável
que faz uso intensivo de agrotóxicos e sementes transgênicas, liberados por
meio de processos da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e
repetidamente questionados pela sociedade civil. Esse pacote tecnológico faz do
Brasil o maior mercado de agrotóxicos do mundo. Os reflexos disso são
manifestos nos registros de intoxicação de trabalhadores e na contaminação do
solo, do ar (e consequentemente da água da chuva), das nascentes e dos
aquíferos".
Agência Brasil/EcoAgência http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-10-23/feijao-transgenico-provoca-divergencia-entre-consea-e-ctnbio
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