sábado, 5 de fevereiro de 2011

Alimentação infantil

Crianças precisam de alimentos saudáveis para se desenvolverem bem. Conheça bons exemplos realizados em escolas de Porto Alegre.


Os hábitos alimentares das crianças enquanto estão na escola afetam diretamente a rotina alimentar e a saúde. A nutricionista Melissa Suarez ressalta que o cuidado com a alimentação da criança deve começar ainda na gestação. Depois dos seis meses de vida, ocorre a introdução de alimentos no cardápio do bebê com a importância de educar o paladar para alimentos saudáveis e, de preferência, orgânicos, segundo Melissa. "A criança nutrida com alimentação saudável vai estar mais forte nutricionalmente, para enfrentar qualquer tipo de doença, e psicologicamente também, porque o alimento saudável dá subsídios para fazermos conexões neurais melhores, em função dos nutrientes e minerais. Assim, é uma criança mais inteligente também", explica a nutricionista.
Fernanda Andrade, coordenadora do projeto AABB Comunidade, afirma: "A má alimentação faz com que a criança fique sonolenta, dificulta o processo de aprendizagem, afeta o crescimento e o desenvolvimento motor". Ela coordena o projeto social que recebe 120 crianças três vezes por semana, para atividades esportivas e educacionais. Nos intervalos, os alunos fazem refeições, baseadas na qualidade e no reaproveitamento. "Não é só a questão da fome saciada, e sim a qualidade dessa alimentação. Tentamos também fazer algum tipo de reaproveitamento, como, por exemplo, o bolo de casca de banana".


Bolo integral de casca de banana no lanche das crianças do AABB Comunidade.

Há muitos alimentos rejeitados pelas crianças, mas a dica é insistir aos poucos e incentivá-las a provar e consumir ao menos uma pequena quantidade. "Os alunos aprenderem aqui a gostar de muitos alimentos que antes não gostavam. A rejeição acontece, muitas vezes, por elas não conhecerem aquele alimento. Agora já ouvimos 'adoro brócolis, adoro couve'".
No Instituto Maria Auxiliadora (IMA), a nutricionista Priscila Azevedo Viero usa diferentes estratégias para conquistar o paladar das crianças com legumes, verduras e frutas: "Sempre apresentamos o alimento de forma diferente. Se não gostou da cenoura cozida, no outro dia tem ralada, porque a textura muda e pode agradar". O contato direto da nutricionista com os alunos colabora com uma educação nutricional. Uma vez por mês, ele participam de uma oficina de culinária. "Eles colocam a mão na massa para verem como se faz os alimentos", diz Priscila.
Além disso, eles cultivam uma horta no pátio da escola. As atividades já mostram resultados positivos. "Os professores comentam que as crianças estão com mais atenção em sala de aula, avaliamos e vemos que estão crescendo, ganhando peso e estão aprendendo melhor", afirma Daniela Elisa Dall'asta, professora do IMA. Os benefícios vão ainda mais longe e ultrapassam os portões da escola. "Tenho alunos que passaram a plantar em casa, em floreiras. Temos muitos pais que também se envolvem e trazem mudas", conta Daniela.

Merenda orgânica e consciência ecológica

Na Escola Amigos do Verde, as crianças tem alimentação orgânica e integral. A diretora Silvia Lignon Carneiro explica a proposta: "Enquanto estão crescendo, elas formam hábitos. Então, é importante que a gente desenvolva atividades para que elas percebam, gostem e tenham consciência da importância dessa alimentação para a saúde delas e do planeta".
Os alunos recebem as frutas in natura, descascam e compartilham com os colegas. Depois, levam as cascas até a composteira, onde os resíduos são transformados em adubo, a ser aplicado no bosque e na horta. Os sanduíches são preparados pelas próprias crianças, com os ingredientes separados pela nutricionista. As receitas feitas com os alunos priorizam ingredientes integrais e não industrializados. "O fato de não usarmos açúcar branco e as crianças saberem que podem usar o mascavo, o mel ou tomar o suco sem ser adoçado e que vai ficar saboroso é muito importante", destaca Silvia.


Alunos da Escola Amigos do Verde comem bolo de farinha integral, cereais e frutas feito por eles.

Pesquisa

Para avaliar a situação nutricional dos alunos e identificar casos de risco, a Secretaria de Educação (Smed) de Porto Alegre realiza estudos nas 41 escolas municipais. A última pesquisa, realizada entre abril e junho de 2010, abrangeu 3.147 crianças. 89% delas estão com peso e medidas normais. Já 6% das crianças têm risco de sobrepeso, 1% delas foram consideradas abaixo do peso e 4% apresentam desnutrição.
Com os resultados, a Smed desenvolve ações para recuperar os estudantes em situação inadequada, através de entrevistas individuais com os responsáveis e orientações sobre hábitos alimentares. O trabalho tem apoio dos funcionários e educadores das escolas, que auxiliam na recuperação dos alunos em risco. "O lúdico sempre tem que estar presente", destaca a nutricionista Melissa Suarez. A avaliação nutricional na rede de ensino da capital gaúcha acontece no início e no final de cada ano letivo. O próximo estudo deve iniciar em outubro.


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