
Foram coletadas amostras de leite de 62 mulheres, 3 delas da zona rural, entre fevereiro e junho de 2010. O município é um dos principais produtores de grãos do MT.
A presença de agrotóxicos foi detectada em todas. Em algumas delas havia até seis tipos diferentes do produto.
Essas substâncias podem pôr em risco a saúde das crianças, diz o toxicologista Félix Reyes, da Unicamp. "Bebês em período de lactação são mais suscetíveis, pois sua defesa não está completamente desenvolvida."
Ele ressalta, porém, que os efeitos dependem dos níveis ingeridos. A ingestão diária de leite não foi avaliada, então não é possível saber se a quantidade encontrada está acima do permitido por lei.
"A avaliação deve ser feita caso a caso, mas crianças não podem ser expostas a substâncias estranhas ao organismo", diz Reyes.
A bióloga Danielly Palma, autora da pesquisa, afirma que a contaminação ocorre principalmente pela ingestão de alimentos contaminados, mas também por inalação e contato com a pele.
Entre os produtos encontrados há substâncias proibidas há mais de 20 anos.
O DDE, derivado do agrotóxico (DDT) proibido em 1998 por causar infertilidade masculina e abortos espontâneos, foi o mais encontrado.
MÁ-FORMAÇÃO
Das mães que participaram da pesquisa, 19% já sofreram abortos espontâneos em gestações anteriores.
Também relataram má-formação fetal e câncer, mas não é possível afirmar se os casos são consequência da ingestão de agrotóxicos.
Mais de 5 milhões de litros de agrotóxicos foram utilizados no município em 2009, segundo a pesquisa.
OUTRO LADO
Associação afirma que danos à saúde não são provados
DE SÃO PAULO
A Associação Nacional de Defesa Vegetal, representante dos produtores de agrotóxicos, diz desconhecer detalhes da pesquisa, mas ressalta que a avaliação de estudos toxicológicos é complexa.
Segundo a entidade, faltam estudos que comprovem prejuízos à saúde provocados por produtos usados adequadamente. "Não há evidências científicas de que, quando usados apropriadamente, os defensivos agrícolas causem efeito à saúde".
A Secretaria de Saúde de Mato Grosso diz que problema semelhante foi detectado em uma pesquisa feita há cinco anos, quando multas foram aplicadas. O caso "não se tornou um problema de saúde" na época, diz a pasta.
O governo afirma que vai avaliar a situação atual.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/892662-estudo-aponta-agrotoxico-em-leite-materno-em-mt.shtml
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