terça-feira, 6 de setembro de 2011

Você pode estar (Você já está) comendo alimentos contaminados por agrotóxicos


 No preparo de uma boa salada, sabemos que é importante fazer uma higienização adequada para eliminar a sujeira e os microorganismos. Contudo, de acordo com especialistas, em entrevista ao G1, todo esse processo não inativa os agrotóxicos presentes nas verduras, legumes e frutas.
Segundo o mais recente relatório da Agência Nacional de Vigilância Nacional (Anvisa), lançado no dia 24, foi detectada uma grande presença de agrotóxicos nos alimentos consumidos pelos brasileiros. As quantidades eram tão altas que ultrapassavam em muito os padrões recomendados: das 3130 amostras coletadas, cerca de 29% apresentaram irregularidades.
Isso criou controvérsia entre os especialistas. A final de contas, é bom ou ruim consumir tais alimentos?
O médico Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) da Faculdade de Medicina da USP, considera que quando a lavagem externa é realizada corretamente, reduz um pouco os riscos. O problema é que as pessoas continuam ameaçadas de contaminação, uma vez que as substâncias que estão depositadas nas partes internas das frutas, verduras e legumes continuam lá. Ou seja, esses alimentos ainda estão cheinhos de agrotóxicos.
A situação poderia ser revertida com uma breve fervura. Mas, como nem tudo na ciência são flores, ainda assim alguns agrotóxicos resistem ao aquecimento. É o caso daqueles à base de zinco e estanho.
Essa informação é validada pelo médico e professor de Saúde Ambiental da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT),  Wanderlei Pignati. Ele considera que só a lavagem com água não assegura a eliminação total dos agrotóxicos, pois as substâncias estão além da casca.
Nos resultados laboratoriais trazidos pelos testes da Anvisa foram encontrados pelo menos três substâncias tóxicas: o endossulfan em pepino e pimentão; acefato em cebola e cenoura; e metamidofós em pimentão, tomate, alface e cebola. Para se ter uma noção da gravidade disso, elas podem causar problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer. Não é à toa que já existe no Brasil uma “indicação de banimento” para esses compostos.
Outro dado preocupante é trazido por Pignati. Segundo ele, os danos resultantes da ingestão de alimentos contaminados por agrotóxicos não podem ser identificados com tanta facilidade pela população em geral, pois os exames que os comprovariam só são feitos no Rio de Janeiro ou em São Paulo.
O pior de tudo é que essa situação poderia ser evitada, se ocorressem duas coisas: se os agrotóxicos fossem utilizados da maneira correta, dentro dos padrões permitidos; e a total eliminação de situações de risco com a fiscalização do governo. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) defende regras mais rígidas para agrotóxicos, incluindo a reavaliação toxicológica das substâncias pela Anvisa, uma vez que vários agrotóxicos utilizados no Brasil já foram proibidos em outros países.
Contudo, há quem discorde de todos esses argumentos apresentados até aqui. Para o médico Angelo Trapé, professor da Unicamp, as irregularidades encontradas pela Anvisa não demostram que haja perigo ao consumidor. Ao contrário, ele considera a quantidade de agrotóxicos nos alimentos muito pequena e garante que “a população pode ingerir alimentos de maneira segura sem que seja causado dano à sua saúde”.
Como esperado, os fabricantes de defensivos agrícolas, por meio da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), defendem que os produtores rurais estão cada vez mais preocupados em aplicar corretamente os agrotóxicos.

Fonte: http://papodegordo.mtv.uol.com.br/2010/06/30/perigo-alimentos-agrotoxicos-contaminacao/

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